Missão no Haiti é a mais nobre já feita pelo Brasil, diz Lula em velório

21-01-2010 16:38

 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva agradeceu a todos os militares mortos no cumprimento de missão de paz da ONU no Haiti, a Minustah, citando nome a nome, durante a cerimônia de honras fúnebres realizada na tarde de hoje, em Brasília.

Em seu discurso, o presidente classificou a missão como "a mais nobre já efetivada pelas nossas Forças Armadas", e cumprimentou todas as famílias dos 17 militares presentes no local. "Foi um desses episódios em que o destino cego e implacável parece ter assumido as rédeas da condição humana", disse o presidente sobre o terremoto que devastou o Haiti no último dia 12.

Estiveram presentes na cerimônia o presidente Lula, seu vice, José Alencar, ministros,o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e os presidentes da Câmara e do Senado. As honras fúnebres aconteceram em hangar na Base Aérea de Brasília, e durou cerca de uma hora.

Os 17 corpos de militares seguem agora para seus Estados de origem, onde acontecerão os sepultamentos. Os caixões estavam cobertos pela bandeira brasileira, e cada militar recebeu a Medalha do Pacificador com Palma, concedida aos militares brasileiros que se destacaram por atos de coragem e bravura, com risco de vida no exercício de suas funções. Todos eles participavam da Minustah.

"O soldado brasileiro nunca foi confundido com invasores estrangeiros. Muito pelo contrário, foi a sua mão amiga que criou a confiança mútua entre a Força de Paz das Nações Unidas e os justos anseios da sociedade haitiana", afirmou o presidente Lula.

Os corpos dos militares e seus familiares serão deslocados hoje de Brasília para seus Estados de origem, a partir das 19h. Serão usados seis aviões para o deslocamento. Para Guarulhos (Grande SP), serão transportados dez corpos e 36 familiares. Para o Galeão (RJ), serão quatro corpos e 13 familiares.

Os quatro aviões restantes irão para Salvador (transportando apenas com familiares), Uberlândia (MG), Barbacena (MG) e Santa Maria (RS).

Tragédia

O terremoto aconteceu às 16h53 do último dia 12 (19h53 no horário de Brasília) e teve epicentro a 15 quilômetros de Porto Príncipe, a capital do país, que ficou virtualmente devastada. O Palácio Nacional e a maioria dos prédios oficiais desabaram. O mesmo aconteceu na sede da Minustah, liderada militarmente pelo Brasil.

Ainda não há um dado preciso do total de mortos. A Organização Pan-Americana de Saúde, ligada à ONU, afirma que podem ter morrido cerca de 100 mil pessoas. Já a Cruz Vermelha estima o número de mortos entre 45 mil e 50 mil. O governo do Haiti já chegou a estimar em 200 mil o número de mortos. A Direção da Proteção Civil haitiana afirmou nesta terça-feira que o terremoto deixou 75 mil mortos, 250 mil feridos e um milhão de desabrigados. Nos seus balanços, o governo tem contabilizado os corpos que teriam sido enterrados.

Entre os brasileiros, 21 morreram, sendo 18 militares e três civis --a brasileira Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, o chefe-adjunto civil da missão da ONU no Haiti, Luiz Carlos da Costa, e uma brasileira com dupla-cidadania europeia que não teve a identidade divulgada a pedido da família.

No total, o Haiti já teve pelo menos 50 tremores de magnitude 4,5 ou maior desde o grande tremor, do dia 12. Nenhum deles causou novos danos ou vítimas, mas houve alarme entre a população. Hoje, dois fortes tremores --um com magnitude 4,8, conforme medição do Serviço Geológico dos EUA (USGS, na sigla em inglês)-- voltaram a assustar Porto Príncipe. Ontem (20), houve mais um forte reflexo do primeiro tremor, de magnitude 6,1.

Fonte: SOFIA FERNANDES da Folha Online

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